Com criatividade e apoio público, famílias rurais conseguem permanecer no campo

Com criatividade e apoio público, famílias rurais conseguem permanecer no campo
Osni Alves Jr.

Iniciativa que conta com apoio do Banco Mundial e governo do Estado estimula a permanência dos jovens em suas cidades de origem, fomentando negócios e gerando renda

Kíria Klehm em atividade. Foto: Romeu Schirea

REDAÇÃO

Uma iniciativa do governo de Sana Catarina em parceria com o Banco Mundial tem conseguido estabelecer famílias originárias de áreas rurais em sua atividade-fim e até transformá-las em empreendedoras gerando trabalho e renda para que possam permanecer no campo.

Criado em 2011, o programa ‘SC Rural’ termina em junho de 2017 e destina recursos não reembolsáveis a empreendimentos da agricultura familiar, mediante contrapartida dos beneficiários. Os empreendimentos apoiados abrangem atividades agrícolas ou não agrícolas, como turismo rural, por meio de projetos de caráter estruturante, de melhorias de sistemas produtivos ou planos de negócios, além de outras ações implementadas por cooperativas e associações de agricultores familiares.

Coordenado pela secretaria da Agricultura e Pesca, envolve atividades multissetoriais, além de ser executado por instituições como Epagri, Cidasc, Fatma, Polícia Militar Ambiental, secretaria de Turismo, Cultura e Esportes, secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável e secretaria de Infraestrutura.

Um exemplo do sucesso do programa está em Ribeirão do Salto, em Taió. Lá, a família Klehm diversificou suas atividades e hoje se consolida como empreendedores locais. O casal Margô e Vilmar trabalhava na produção de fumo e também fazia pães para vender. A filha Kíria despertou interesse pela atividade e foi se especializar. Ela cursou gastronomia e processos gerenciais e implementou o negócio dos pais.

“Hoje, o que eu faço é um melhoramento do que a minha avó ensinou e do que eu aprendi nos cursos. A gente precisa tanto da parte prática quanto de administrar, porque, querendo ou não, é uma empresa, mesmo rural ou familiar funciona como uma empresa”, diz ela.

Família Klehm. Foto: Romeu Schirea

Eles estão há 12 anos na atividade e participaram do ‘SC Rural’. Conseguiram captar R$ 59.664,00, dos quais boa parte oriundo do programa para investir e reinvestir na atividade. Assim, o empreendimento ganhou nova sede e equipamentos de produção. De 250 pães por semana, hoje são mais de 400, sem contar os bolos, cucas e tortas.

Atualmente os Klehm se dedicam exclusivamente à panificação. O fumo já não tem espaço na propriedade, sendo substituído por batata doce, aipim, cará e milho verde, que são a matéria prima dos pães e bolos.

Kíria ressalta que o ‘SC Rural’ não se resume ao apoio financeiro, mas proporciona qualificação e resulta em união familiar, pois contribui para a permanência de todos nas cidades de origem. “Nós produzimos mais, estamos unidos, trabalhando juntos. E eu posso ter um futuro, posso ser padeira, administradora, agricultora, tudo no mesmo local.”

Devido à baixa escolaridade, Margô e Vilmar tinham receio de empreender. O temor foi vencido com ajuda de técnicos da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária). “Sonhávamos em ter algo melhor, mas o receio do novo não nos permitia. Hoje conseguimos”, conta.

E vem novidades por aí. Com o sucesso dos pães e doces, os Klehm pretendem oferecer em breve café colonial. “Talvez até um restaurante”, diz Kíria, acrescentando que sente orgulho de ter conseguido “ficar na roça”, como diz.

De acordo com o governo do Estado, o programa oferece curso de liderança, gestão e empreendedorismo para jovens, além do apoio financeiro. Assim, oferece melhoria ao processo produtivo, agrega valor ao negócio e fomenta o turismo rural. Desde 2013 foram mais de 25 cursos ministrados, sendo que 500 projetos de investimentos receberam recursos do programa, num total de R$ 8 milhões em aporte financeiro.

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